Diversidades de temas aprofundaram a pesquisa na produção animal

Por Fernanda Rodrigues,

Os mais variados temas sobre produção  animal estiveram presentes nos simpósios apresentados na edição 2017 do Congresso Nordestino de Produção Animal (CNPA). Os debates movimentaram a região do Vale do São Francisco, onde o evento é realizado, em Petrolina(PE) e Juazeiro (BA).

Os temas contemplaram todas as cadeias produtivas desde bovinos, caprinos, suinos a ovinos e peixes. Uma das principais inovações deste Congresso foi trazer os produtores para o debate com os docentes e estudantes. “Essa troca é muito significativa para os resultados dos trabalhos propostos e contempla todos os envolvidos no processo. Ganha a pesquisa, o produtor e o consumidor” resumiu o presidente do CNPA 2017, Mateus Costa.

A variedade de temas foi uma prioridade pensada para contribuir com o maior número de pesquisadores possível. Segundo Costa, o evento teve recorde de resumos submetidos à apresentação.  “Infelizmente, precisamos fazer uma triagem mais exigente devido ao alto número de trabalhos”. Para ele, isso é muito positivo, pois demonstra o impacto do Congresso.

No último dia do encontro, o fortalecimento da pecuária  no semiárido esteve em debate. O representante da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marco Aurélio Bonfim, salientou que 40% dos desafios do setor não são tecnológicos. “Precisamos investir em estratégias para conectar pessoas, fomentar liderança, capacitação e inclusão tecnológica”, destacou. Dessa forma, segundo ele, a ação conjunta proporcionará a valorização dos produtos regionais, desde a produção até a comercialização.

O presidente da Sociedade Nordestina de Produção Animal (SNPA), professor Wilson Dutra, apresentou pesquisa sobre a utilização de alimentos não convencionais para suínos no Nordeste. Mandioca, torta de algodão, farinha da planta africana moringa, resíduos de castanha de caju, farelo do bagaço de caju, farelo de coco, polpa cítrica, resíduo de goiaba, maracujá, bagaço de uva e urucum foram alguns dos  ingredientes utilizados, cujas pesquisas comprovaram melhora no desempenho e aproveitamento dos animais e na produção de carne. A pesquisa pontuou que o alimento alternativo deve ser mais barato que o tradicional. O percentual de utilização não deve ultrapassar 10% para que não haja reposição de aminoácidos.


Simpósio Utilização de alimentos não convencionais para suínos na região Nordeste do Brasil. Prof. Wilson Dutra (UFRPE)  (Foto: Fernanda Rodrigues)

Pastagens – Sobre pastagens nativas dos biomas brasileiros, o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco  (UFRPE), Alberício Andrade, o uso sustentável desses biomas para pastagem. Ele abordou a grande potencialidade da caatinga, vegetação nativa do semiárido nordestino. “Nossa caatinga é rica em nutrientes, com alta capacidade de metabólitos. Com isso, a carne, o leite e o queijo são de extrema qualidade e mais saudáveis”, avaliou.

Em outro momento, o professor da Universidade Federal do Matogrosso ( UFMT), Luciano Cabral, comandou debate a respeito da evolução da microbiologia ruminal do Brasil. Com exemplos práticos, o docente salientou o estímulo ao mapeamento e catalogação desses micro-organismos, inclusive à produção acadêmica sobre o tema.

Simpósio A evolução dos estudos em microbiologia ruminal reunião e sua aplicacao: de Hungate a era genômica. Prof. Luciano Cabral (UFMT) (Foto: Fernanda Rodrigues)

Com a participação de produtores, uma das mesas redondas do dia discutiu os rumos da rota do cordeiro, animal cuja carne é muito apreciada. Porém, a produção enfrenta alguns desafios, como o abate clandestino.

A luta contra as verminoses também esteve na pauta. A enfermidade enfraquece, emagrece e afeta a produção de carne e leite. Os pesquisadores alertaram sobre o uso adequado dos vermífugos.

No fim da programação, houve mais uma turma de alunos que apresentou os resumos submetidos à análise do Congresso. Os trabalhos, de todas as regiões do país, reveneram avaliação muito positiva em relação à qualidade e inovação. Alunos de graduação, mestrado e doutorado trouxeram seus estudos.

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